Revista Mensch: Guilherme Leicam é uma aposta de sucesso na nova geração de jovens talentos da TV‏!

Vaidade, talento e sucesso são palavras bem comuns quando falamos de atores e sua arte. Nas nossas entrevistas sempre batemos nessas teclas pois são bem pertinentes a esse universo. Alguns sabem melhor que outros como lidar com elas, independente de idade ou maturidade. Nosso entrevistado dessa semana nos impressionou e cativou a todos por saber lidar com maestria conseguindo se destacar no meio de tudo isso. Guilherme Leicam é um jovem ator admirável! Não só pelo seu talento, que vem sendo lapidado ao longo de seus personagens, mas por ser “um cara massa” (assim como definimos ele durante um papo). Se o sucesso de um ator depende acima de tudo de humildade, esse cara vai longe. Gui, já nos sentimos íntimos, sabe como conduzir sua profissão e o seu papel de cidadão de forma a ser tido como um exemplo. Exemplo para jovens (e por que não velhos) atores, exemplo para os seus fãs, exemplo para você que lê essa entrevista. É o ato de como ser simples e feliz com o que se conquista. Afinal, tudo é resultado da dedicação e do talento. Conheçam um pouco mais desse “cara massa” e decorem esse nome, ele ainda vai surpreender muita gente! 

Voltando um pouco no tempo... Já dava indícios que seria ator? Como surgiu essa vocação para atuar? Quando criança eu era louco por cinema, virava noites assistindo filmes com a minha mãe e um dia conheci a "sala escura", a tela enorme, eu vivia aquelas imagens com uma intensidade muito grande. O cinema era um grande refúgio para minha imaginação porque eu era um menino super tímido. Aí veio o dedo da musa!!!! Minha mãe teve a melhor ideia da vida dela (risos). Me colocou no teatro pra que eu perdesse a timidez. Imagina só! Juntou toda aquela imaginação acumulada por aquele monte de estórias e personagens do cinema com o fascínio e os jogos lúdicos do teatro. Deu no que deu!!!! Estou aqui dando essa entrevista (risos). De tímido não tenho mais nada. Falo com todo mundo e acabei encontrando a profissão que me faz o cara mais feliz do mundo.  



Guilherme, seu primeiro trabalho na Globo, Tempos Modernos (novela das 19hs), já lhe rendeu a indicação de ator revelação. Podemos dizer que você começou com o pé direito. Isso te assustou de alguma forma? Não tive medo. Claro que foi uma surpresa, mas, na verdade, me motivou. Me deu aquela adrenalina gostosa, muito parecida quando eu ando de moto na pele de Vitor, eu adoro moto! Pensei: “bom se me consideram uma revelação na minha primeira novela deve ser porque devo estar dirigindo bem a minha máquina” (risos).  Também a coisa ficou por aí, nada de deslumbramentos, isso não faz o meu tipo! 


Em seguida, seu segundo trabalho foi em Fina Estampa, como filho do personagem de Carlos Casagrande. Como foi estrear em horário nobre no meio de atores como Casagrande, Tânia Khalil e Arlete Salles? Horário nobre é coisa séria! Mas eu fui tão bem tratado que, pra falar a verdade, não senti muito o peso. Dei o meu melhor. Ganhei o papel por mérito, passei por uma bateria de testes com outros atores experientes e sempre era muito elogiado. Quando fui escolhido fiz exatamente o que me pedia a sinopse. Este personagem me exigiu uma atenção enorme porque ele tinha que ser menor de idade, tanto que meu pai (Carlos Casagrande) tinha uma enorme loja de moto e eu não podia nem ter uma!!! (agora estou me vingando hahaha) Eu era orientado a manter o personagem mais infantil. Ele era bem diferente do Vitor que é o personagem mais maduro que já interpretei. O Vitor está servindo até para eu por em prática coisas que estudo num grupo de filosofia há alguns anos. Idéias como ética, amizade, amor, que sempre foram muito caros aos filósofos. E especialmente, no caso do Vitor, pensar os limites de sacrificar uma vida por outra pessoa, no caso meu irmão Sal (Pedro Cassiano), ator que por acaso já era meu colega no mesmo grupo de estudos, dos quais participam também Isis Valverde e Bruno Gagliasso. Tô bem acompanhado, né?



E agora em seu terceiro trabalho na Globo, você encara o protagonista Vitor de Malhação. Como foi fazer o caminho "inverso" em começar pelo horário nobre e chegar em Malhação, que é um laboratório para jovens atores? É como se fosse um prêmio, pois quase todo jovem, mesmo não sendo ator, já deve ter se projetado dentro do cenário de Malhação. Principalmente como aquele cara legal, como é o Vitor e, que de quebra, ganha muitos beijos de meninas incríveis (risos). Estou inteiro na novela, com o mesmo foco da novela das nove. Meus fins de semana literalmente acabaram… eu tenho uma rotina de estudos e preparação pesada. Estou lendo muito sobre o universo emocional dos jovens e consequentemente, aprendendo muito sobre mim, o que é uma dádiva dessa profissão. Em malhação, a linguagem e o público alvo é que muda, o desafio para o ator é o mesmo.

Agora como protagonista de uma novela como Malhação com certeza o assédio irá aumentar. Está preparado? Quando o assédio é agradável e quando ele incomoda? É engraçado! Mesmo nesse período que estive mais dedicado ao teatro e sem gravar novela, o assédio continuava muito grande. Claro que agora a coisa tomou um volume incrível, porque além das meninas, acrescentaram-se as senhoras. Gente, meu público da terceira idade está bombando!! Fico muito feliz com isso! Elas são tão carinhosas, me tratam como se eu fosse filho ou neto delas. Como disse antes, o período de timidez já passou, adoro conversar com as fãs, e mesmo sabendo que vou ser parado a cada esquina pra tirar zilhões de fotos, não deixo de ir a lugar nenhum!!! Tô amando tanto carinho.

O que uma mulher precisa ter para chamar sua atenção e atiçar seu interesse? Estou numa fase muito internalizada. Gostaria de namorar uma garota que estivesse nesse momento também. Nada de papo cabeça ou de bancar o bicho grilo, mas gostaria de dividir a minha cama com quem estivesse a fim de pensar um pouco mais no que acontece dentro de nós e ao nosso redor. O mundo contemporâneo é muito complexo. Outro dia vi uma definição de sexo da Maitê Proença que achei muito lúcida. Perguntaram a ela sobre o que ela achava de fazer sexo e ela respondeu com uma palavra: “indispensável”. Não é genial? A resposta foi só essa e disse tudo. É indispensável mesmo, eu adoro, mas sou mais que isso. Ao mesmo tempo ela deu toda a dimensão dele em nossas vidas, deu também a sua limitação. Sou um ser social e gosto da função que o ator tem de chamar a sociedade ao debate. Tentarei usar a minha popularidade pra isso sempre, aprendi no teatro desde pequeno lá na minha terrinha.

Nessa sua trajetória pelo seu reconhecimento como ator, qual a maior virtude e o maior pecado que um ator pode ter/cometer? Acho que a resposta é a mesma para as duas indagações. O maior e o pior pecado de um ator está relacionado à DISCIPLINA. Disciplina está relacionada com vocação. Talento, nós temos muitos no Brasil e no mundo, mas vocação é outra coisa. Perspectiva muito diferente. A Fernandona está sempre repetindo isto em suas palestras pelo Brasil. Pessoas de enorme talento vão ficando pelo caminho, infelizmente. Isso pode parecer um clichê, mas não é. Sobretudo na televisão que tem um processo super acelerado de produção e com um nível de exigência cada vez maior, principalmente, para atores jovens. A fase de apenas rostinhos bonitos, se existiu, acabou faz tempo. Até porque hoje todo brasileiro é um especialista em futebol e  em novelas. Em cada bar, em cada esquina, eu ouço as pessoas falando que fulano é péssimo ator, que a beltrana não convence, pertencemos hoje à seleção brasileira das novelas e a cobrança está na boca do povo, não só na crítica especializada. 


Você já trabalhou como modelo, isso te fez mais vaidoso? Como você lida com a vaidade? Que cuidados você tem com a aparência? Eu adoro trabalhar como modelo. Adoro moda, principalmente moda brasileira. Vestir uma roupa de um estilista brasileiro é muito bacana, não devemos nada ao resto do mundo nessa área. Eu acho o máximo a nossa criatividade. Mas não sei se sou exatamente vaidoso. Eu gosto muito de brincar e dentre as brincadeiras possíveis, o modo como me visto me diverte. Sabe essa coisa do índio de ter uma cor para cada ocasião? Ou o hábito de usar ornamentos como um complemento? Acho muito bacana isso. É muito parecido com vestir um estado de espírito. Por exemplo, adoro perfumes, tenho vários, e dependendo do meu humor vou escolhendo um a cada dia. Por outro lado, tem o lance profissional. A alta definição faz parte do dia a dia dos atores. Quem não conhece bem a rotina dos estúdios modernos não sabe que temos que estar com a pele sempre muito bem cuidada. Não é nem uma opção, é uma exigência cada vez mais implacável das câmeras de última geração. Então, eu gosto de unir o útil ao agradável. Me cuidar é um jeito de celebrar a festa da vida e manter em alta o meu profissionalismo. Se isso é vaidade, sou bem vaidoso.

Quais valores sua família te passou que você levará para o resto da sua vida e que você coloca em prática? “E quem há de negar que essa lhe é superior”. Caetano, na canção Língua, lança essa idéia intrigante. Ele afirma que a amizade é superior ao amor (amor erótico). Clarice Lispector diz em uma de suas obras: “Um amigo me chamou pra cuidar da dor dele, guardei a minha no bolso. E fui.” Estes dois artistas incríveis me ajudam a explicar o que rola na minha família. Minha mãe é uma grande amiga, mora bem perto de mim e está sempre ao meu lado desde que vim pro Rio, ainda muito moleque. Isso foi se estendendo, naturalmente, para quem está ao meu lado.  Não foi bem um ensinamento, tipo lição de moral. Ao contrário, o grande barato é que esse modo de agir que minha família passou pra mim se deu de forma prática. Eu sou muito ligado nessa questão da amizade. É o centro da minha personalidade. Sou capaz de acordar de madrugada para dar uma força a um amigo, mesmo estando “quebrado” de trabalho. Então se eu fosse definir o que aprendi de berço eu diria: “vamos quebrar tudo quanto o lance for se disponibilizar pro outro!”

O que costuma fazer para relaxar e se divertir nas folgas das gravações? Não tenho muitas folgas, quando rola eu aproveito para por em dia meu lado musical. Estou muito ligado nesse lance de compor. Na verdade, os momentos livres que aparecem estão mais entre as gravações porque, durante a semana, passo quase o dia todo no Projac. Então, rolam muitas rodas de violão com o pessoal do elenco.  Ando compondo muito e a receptividade tem sido bem bacana! Inclusive, numa dos exercícios para a composição do personagem me pediram para fazer uma música relacionada a uma personagem. Então, compus uma coisa bem humorada e despretensiosa que acabou no youtube. Da última vez que eu vi estava com quase 60 mil execuções. Fora isso, estou aprendendo a surfar, esporte que sempre me fascinou, independente de modismos. O skate também é uma paixão que me proporciona uma enorme ecologia mental.  Bom, tem também um tempinho pra uns beijos na boca que ninguém é de ferro, né?
 

Quem são seus ídolos e por quê? Eu sou um cara muito feliz, parte pelo meu esforço, mas também tenho dado muita sorte. Sou muito jovem e já tenho o privilégio de esbarrar todo dia com tantos ídolos meus e, provavelmente, de todo o povo brasileiro. Mais que isso, eu trabalho com eles, muitas vezes em cena tenho que abraçá-los, tocar neles, imagina! A primeira vez que me dei conta disso, num arrepio que me pegou dos pés a cabeça, foi contracenando com Antônio Fagundes em Tempos Modernos. Para quem não frequenta, ou não sabe o que é, existe em cada estúdio uma sala bem confortável para que os atores esperem seu momento de gravar. Digo isso, porque falar de Antônio Fagundes pode parecer um clichê e eu detesto clichês. Mas não é. Se Fagundes não está gravando só há duas opções: ou está no almoço ou lá, nessa sala de sonhos, sentado, lendo, sempre lendo.  Sua cultura sobre a alma das pessoas impressiona, mas que ninguém pense que ele é um chato! Quando crescer quero ser como ele, divertido, humilde e acessível a todo mundo. Não é só que a leitura o ajude a ser o grande ator que é, isso é óbvio, mas é que conhecer as pessoas como elas são e não projetar o que você pensa sobre elas ajuda muito a gente a ser mais feliz. E o que interessa é isso, ser feliz! De que adianta ser famoso e não ser feliz? Eu tô fora! Estudar por estudar também não serve para nada. Eu quero entender o que é diferente de mim, só assim poderei ser um ator versátil e surfar cada personagem, como uma onda completamente diferente a cada vez que entro no mar.




1 Response to "Revista Mensch: Guilherme Leicam é uma aposta de sucesso na nova geração de jovens talentos da TV‏!"

  1. Quem aí que ter suas cartas (textos, poemas e etc.) dedicado ao Gui postado lá no blog loucospelogui.blogspot.com? envie para grupolpg@hotmail.com !+

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