Quais são os cuidados que você tem com a pele?
Eu, graças a Deus, fui abençoada pela natureza, pois a pele negra tem mais proteção. Então não tem muito mistério. Uso um sabonete para o rosto e passo protetor solar todos os dias. E não gosto muito de maquiagem. Assim que termina a gravação, eu tiro tudo. Só a Rita que usa. De vez em quando, quando vou para um show ou algum evento mais formal, passo um rimel e um batonzinho vermelho, bem básico. Eu até acho bonito o resultado da maquiagem, mas eu não tenho paciência de ficar passando as coisas. Aqui (no Projac) não. Chego para trabalhar, fico sentada, me maquiam e acabou.
Eu, graças a Deus, fui abençoada pela natureza, pois a pele negra tem mais proteção. Então não tem muito mistério. Uso um sabonete para o rosto e passo protetor solar todos os dias. E não gosto muito de maquiagem. Assim que termina a gravação, eu tiro tudo. Só a Rita que usa. De vez em quando, quando vou para um show ou algum evento mais formal, passo um rimel e um batonzinho vermelho, bem básico. Eu até acho bonito o resultado da maquiagem, mas eu não tenho paciência de ficar passando as coisas. Aqui (no Projac) não. Chego para trabalhar, fico sentada, me maquiam e acabou.
Seu cabelo é muito bonito e tem um estilo bem natural. Fale um pouco sobre "assumir suas raízes na cabeça"...
Eu sempre conto que, quando era mais nova, não gostava do meu cabelo. Não por ser o meu cabelo, mas pelo preconceito que existe. Na escola as pessoas zoavam muito meu cabelo, me chamavam de cabelo de bombril. Aí eu acabava brincando com isso. Quando alguém falava que meu cabelo estava bagunçado, eu puxava para o alto mais ainda, para brincar e não deixar ser tão agressivo. Mas mesmo assim agredia e eu não percebia o quanto. Só fui perceber um pouco mais velha. Tenho uma tia cabeleireira que uma vez me convenceu a fazer um relaxamento. Ela dizia que ia baixar um pouquinho o volume. Aí eu decidi fazer porque não aguentava mais as pessoas zoando meu cabelo no escola. Mas não deu muito certo. Meu cabelo caiu, quase fiquei careca e entrei em desespero. Depois cortei bem baixinho e useinagô (trancinhas) durante um tempo. Quando passei pro ensino médio, eu falei: “chega disso, preciso assumir meu cabelo”. Soltei as tranças e comecei a usar o black. Não foi fácil.
Eu sempre conto que, quando era mais nova, não gostava do meu cabelo. Não por ser o meu cabelo, mas pelo preconceito que existe. Na escola as pessoas zoavam muito meu cabelo, me chamavam de cabelo de bombril. Aí eu acabava brincando com isso. Quando alguém falava que meu cabelo estava bagunçado, eu puxava para o alto mais ainda, para brincar e não deixar ser tão agressivo. Mas mesmo assim agredia e eu não percebia o quanto. Só fui perceber um pouco mais velha. Tenho uma tia cabeleireira que uma vez me convenceu a fazer um relaxamento. Ela dizia que ia baixar um pouquinho o volume. Aí eu decidi fazer porque não aguentava mais as pessoas zoando meu cabelo no escola. Mas não deu muito certo. Meu cabelo caiu, quase fiquei careca e entrei em desespero. Depois cortei bem baixinho e useinagô (trancinhas) durante um tempo. Quando passei pro ensino médio, eu falei: “chega disso, preciso assumir meu cabelo”. Soltei as tranças e comecei a usar o black. Não foi fácil.
Então você hoje está em paz com o seu cabelo, certo?
Hoje em dia eu gosto muito do meu cabelo. É uma coisa que me representa muito. Eu sou bailarina também e fiz dança afro. Tive uma professora que me dizia que isso é a nossa raiz, a terra nos traz conexão. Um negro hoje em dia sair na rua e assumir o cabelo, ele não está assumindo apenas um estilo bonito de vida, está assumindo toda uma história, que no Brasil ainda é muito presente. Eu tenho amigos que dizem que esse preconceito já passou e não existe mais. Mas existe, mesmo sendo muito sutil e disfarçado. Tenho preguiça para essas coisas.
Hoje em dia eu gosto muito do meu cabelo. É uma coisa que me representa muito. Eu sou bailarina também e fiz dança afro. Tive uma professora que me dizia que isso é a nossa raiz, a terra nos traz conexão. Um negro hoje em dia sair na rua e assumir o cabelo, ele não está assumindo apenas um estilo bonito de vida, está assumindo toda uma história, que no Brasil ainda é muito presente. Eu tenho amigos que dizem que esse preconceito já passou e não existe mais. Mas existe, mesmo sendo muito sutil e disfarçado. Tenho preguiça para essas coisas.
Você se considera uma representante da identidade negra?
Me considero. Assumidaça! E o engraçado é que reflito isso nas minhas primas e na minha irmã, que são mais novas que eu. A minha irmã alisava o cabelo dela antes de eu alisar o meu. Quando eu parei, ela tentou parar e não conseguiu porque zoavam na escola também. E há pouco tempo ela assumiu e está com maior blackão. O cabelo dela é lindo. Hoje em dia ela entende a importância. Foi muito importante para mim ter assumido meu cabelo e estou muito feliz com isso.
Me considero. Assumidaça! E o engraçado é que reflito isso nas minhas primas e na minha irmã, que são mais novas que eu. A minha irmã alisava o cabelo dela antes de eu alisar o meu. Quando eu parei, ela tentou parar e não conseguiu porque zoavam na escola também. E há pouco tempo ela assumiu e está com maior blackão. O cabelo dela é lindo. Hoje em dia ela entende a importância. Foi muito importante para mim ter assumido meu cabelo e estou muito feliz com isso.
E você sentiu alguma mudança após entrar para Malhação?
Acho que, além do preconceito no Brasil ser uma coisa sutil e disfarçada, como a Rita também diz, tem a coisa do status. Assim, se a menina é negra e está na televisão, ela é incrível. E na verdade não é, está todo mundo no mesmo barco. O fato de eu trabalhar na televisão não me torna mais rica ou mais pobre que outras pessoas. E algumas pessoas na Rocinha mudaram comigo, porque não entendem essa visão, não estão aqui todos os dias para ver o quanto a gente rala. Tem uma coisa de encantamento que, por um lado, eu acho importante. Essa coisa de assumir o cabelo é um exemplo. As criancinhas na Rocinha me veem e pedem para as mães dela para ter o cabelo igual ao da Rita.
Acho que, além do preconceito no Brasil ser uma coisa sutil e disfarçada, como a Rita também diz, tem a coisa do status. Assim, se a menina é negra e está na televisão, ela é incrível. E na verdade não é, está todo mundo no mesmo barco. O fato de eu trabalhar na televisão não me torna mais rica ou mais pobre que outras pessoas. E algumas pessoas na Rocinha mudaram comigo, porque não entendem essa visão, não estão aqui todos os dias para ver o quanto a gente rala. Tem uma coisa de encantamento que, por um lado, eu acho importante. Essa coisa de assumir o cabelo é um exemplo. As criancinhas na Rocinha me veem e pedem para as mães dela para ter o cabelo igual ao da Rita.
Já que falamos muito de cabelo, quais cuidados que você toma com seu black?
Antes de fazer Malhação eu considerava que o meu cabelo não dava trabalho. Não hidratava, eu não fazia nada. E hoje em dia o pessoal da caracterização pega muito no meu pé. Eles dizem que tenho que hidratar, tenho que cuidar. Porque o cabelo do negro já é seco naturalmente. Então vejo que essas coisas têm um motivo. Fica mais bonito no vídeo. E o cabelo de qualquer outra menina, como o da Alice e o da Aghata, pelo fato de estar trabalhando todo dia, é mais agredido. Tem que fazer escova todos os dias, tem que secar todos os dias... Então você deve ter um cuidado a mais sim.
Antes de fazer Malhação eu considerava que o meu cabelo não dava trabalho. Não hidratava, eu não fazia nada. E hoje em dia o pessoal da caracterização pega muito no meu pé. Eles dizem que tenho que hidratar, tenho que cuidar. Porque o cabelo do negro já é seco naturalmente. Então vejo que essas coisas têm um motivo. Fica mais bonito no vídeo. E o cabelo de qualquer outra menina, como o da Alice e o da Aghata, pelo fato de estar trabalhando todo dia, é mais agredido. Tem que fazer escova todos os dias, tem que secar todos os dias... Então você deve ter um cuidado a mais sim.
Há algumas músicas que levantam a bandeira negra. Tem alguma que você gosta?
Tem uma música que eu amo muito e todas as vezes que ouço fico assim (abre um sorriso). É "Negro Drama", dos Racionais.
Tem uma música que eu amo muito e todas as vezes que ouço fico assim (abre um sorriso). É "Negro Drama", dos Racionais.
Mas você abraça a causa? É radical?
Eu gosto, mas não sou tão radical. Gosto de fazer campanha contra o racismo, de assumir meu cabelo, mas acho que só o respeito já basta. É isso. É tratar todo mundo igual. Negros, brancos, ruivos...
Eu gosto, mas não sou tão radical. Gosto de fazer campanha contra o racismo, de assumir meu cabelo, mas acho que só o respeito já basta. É isso. É tratar todo mundo igual. Negros, brancos, ruivos...
E essa nova fase da Rita? Ela está ajudando o Fera (Victor Sparapane),mas acaba entrando em confronto com os pais dele, que são super preconceituosos...
Para mim foi um pouco difícil gravar essas cenas da Rita porque ela tem uma vivência diferente, morou na Suécia. O negro lá é tratado diferente do negro daqui do Brasil. Não é o diferente negativo daqui. O negro na Suécia é visto como positivo. As pessoas dizem: caramba, ele passou por tudo aquilo. E aqui não. Para o negro ter voz ou ele é artista, ou é um presidente, ou um ativista social... A Rita não chega a se atingir com os pais do Fera. E eu lendo o texto já ficava revoltada, pois isso já aconteceu comigo. A Jéssica já sofreu isso, mas a Rita não. E fazer essas cenas tão preconceituosas, ouvir aquilo tudo e não me atingir com isso, como atriz, foi um pouco difícil. Tive que balancear o que a Jéssica está sentindo e o que a Rita sente.
Para mim foi um pouco difícil gravar essas cenas da Rita porque ela tem uma vivência diferente, morou na Suécia. O negro lá é tratado diferente do negro daqui do Brasil. Não é o diferente negativo daqui. O negro na Suécia é visto como positivo. As pessoas dizem: caramba, ele passou por tudo aquilo. E aqui não. Para o negro ter voz ou ele é artista, ou é um presidente, ou um ativista social... A Rita não chega a se atingir com os pais do Fera. E eu lendo o texto já ficava revoltada, pois isso já aconteceu comigo. A Jéssica já sofreu isso, mas a Rita não. E fazer essas cenas tão preconceituosas, ouvir aquilo tudo e não me atingir com isso, como atriz, foi um pouco difícil. Tive que balancear o que a Jéssica está sentindo e o que a Rita sente.
Então você emprestou muito da Jéssica para a Rita nessas cenas...
Pois é. A Rita primeiro conversa com os pais do Fera, que são grossos com ela, que mantém a classe. Mas depois o Mathias (Blota Filho) conversa com a Rita após perceber que ela está um pouco chateada. E no final, eu, Jéssica, já não estava aguentando. Aí eu chorei. Ficou bonito, mas acho que esse momento teve mais Jessica do que Rita. Mas em alguns momentos da dramaturgia eu fico com medo de colocar muito de mim.
Pois é. A Rita primeiro conversa com os pais do Fera, que são grossos com ela, que mantém a classe. Mas depois o Mathias (Blota Filho) conversa com a Rita após perceber que ela está um pouco chateada. E no final, eu, Jéssica, já não estava aguentando. Aí eu chorei. Ficou bonito, mas acho que esse momento teve mais Jessica do que Rita. Mas em alguns momentos da dramaturgia eu fico com medo de colocar muito de mim.
Quais são seus planos para depois de Malhação? O que você está pensando fazer?
Bom, antes de fazer Malhação eu tinha acabado de me formar num curso de dança contemporânea e já estava fazendo faculdade de teatro. Mas aí teve uma greve e logo depois da greve me chamaram para fazer o teste para Malhação. Fiz o teste mais para o pessoal ver um pouco do meu trabalho, pois estava focada na faculdade. Hoje estou aqui e muito feliz de fazer essa novela. Mas assim que terminar aqui, caso eu tenha uma brechinha e não engate outro trabalho, pretendo voltar para a faculdade.
Bom, antes de fazer Malhação eu tinha acabado de me formar num curso de dança contemporânea e já estava fazendo faculdade de teatro. Mas aí teve uma greve e logo depois da greve me chamaram para fazer o teste para Malhação. Fiz o teste mais para o pessoal ver um pouco do meu trabalho, pois estava focada na faculdade. Hoje estou aqui e muito feliz de fazer essa novela. Mas assim que terminar aqui, caso eu tenha uma brechinha e não engate outro trabalho, pretendo voltar para a faculdade.
E mamãe está feliz de ver a filha diariamente na TV?
Minha mãe está muito feliz, graças a Deus. Está super orgulhosa. Ela chorou quando viu minhas primeiras cenas na TV. Foi muito importante porque só ela sabe o quanto ela se esforçou para isso. Minha mãe não teve oportunidade de estudar. Então desde pequenininha eu não entendia porque ela falava: “tem que estudar, tem que estudar”. E hoje eu percebi que a gente só consegue as coisas através estudo. Minha mãe não teve oportunidade de me dar um colégio bom. A única coisa que ela podia fazer era falar para a gente estudar.
Minha mãe está muito feliz, graças a Deus. Está super orgulhosa. Ela chorou quando viu minhas primeiras cenas na TV. Foi muito importante porque só ela sabe o quanto ela se esforçou para isso. Minha mãe não teve oportunidade de estudar. Então desde pequenininha eu não entendia porque ela falava: “tem que estudar, tem que estudar”. E hoje eu percebi que a gente só consegue as coisas através estudo. Minha mãe não teve oportunidade de me dar um colégio bom. A única coisa que ela podia fazer era falar para a gente estudar.
Então sua mãe te deu o que ela podia dar de melhor: a educação.
Com certeza! E hoje procuro dar pra ela um pouco do que experimentei das coisas. Por causa do estudo eu ganhei uma bolsa na Inglaterra, viajei, conheci gente nova. Então fico sentindo que preciso dar para ela um pouquinho disso que ela me deu. Quero muito viajar com a minha mãe, levar ela para conhecer vários lugares.
Com certeza! E hoje procuro dar pra ela um pouco do que experimentei das coisas. Por causa do estudo eu ganhei uma bolsa na Inglaterra, viajei, conheci gente nova. Então fico sentindo que preciso dar para ela um pouquinho disso que ela me deu. Quero muito viajar com a minha mãe, levar ela para conhecer vários lugares.
Conte um pouco de como foi essa experiência na Europa.
Fiz intercâmbio na Inglaterra. Fui para lá estudar inglês. Mas antes fiquei 3 dias na França como turista.
Fiz intercâmbio na Inglaterra. Fui para lá estudar inglês. Mas antes fiquei 3 dias na França como turista.
E como está o seu inglês? Está falando legal?
Ah, eu falo, mas estou um pouco afastada. Gosto muito de ouvir músicas em inglês. Amo a Beyoncé.
Ah, eu falo, mas estou um pouco afastada. Gosto muito de ouvir músicas em inglês. Amo a Beyoncé.
Além da Beyoncé, gosta de ouvir mais o quê?
Sou bem eclética na verdade. Gosto de MPB, gosto de funk, música erudita...
Sou bem eclética na verdade. Gosto de MPB, gosto de funk, música erudita...
E o que você faz quando não está trabalhando, estudando ou dormindo?
(risos) Gosto de ir ao cinema, ao teatro e à praia. Mas sou bem tranquila. Gosto também de sair com as minhas amigas para jantar.
(risos) Gosto de ir ao cinema, ao teatro e à praia. Mas sou bem tranquila. Gosto também de sair com as minhas amigas para jantar.
O que você mais gosta de comer?
Ai, eu amo camarão. Moqueca de camarão, bobó de camarão...
Ai, eu amo camarão. Moqueca de camarão, bobó de camarão...
0 Comentario "Cenas de preconceito racial na novela emocionaram Jéssica Ellen: ‘Foi difícil’."
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