Ao logo da temporada Viva a Diferença de Malhação, Benê (Daphne Bozaski) vai descobrir que tem autismo. O comportamento diferente da garota, que tem dificuldade de expressar emoções e fazer amigos, será explicado por um grau leve do transtorno, mas a trama fugirá do estereótipo de que pessoas autistas vivem em um mundo à parte e não são capazes de socializar. Na apresentação da personagem, no ar desde a última segunda-feira (8), o público pôde reparar alguns sinais de autismo, como a peculiaridade na fala, a dificuldade em compreender metáforas e o interesse quase obsessivo por determinada atividade _no caso dela, a corrida.
"A pessoa com autismo tem dificuldade na comunicação social (fala e interação), além de interesses fixos e comportamentos estereotipados, como balançar freneticamente as mãos ou o corpo para frente e para trás. Mas essas condições podem ser radicalmente diferentes de uma pessoa para a outra e de acordo com o nível", explica Lucelmo Lacerda, doutor em educação, pós-doutorando em educação especial pela UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) e pesquisador em autismo e inclusão.No caso de Malhação, o tema é apresentado de forma leve, assim como o grau de autismo da garota. Apesar da dificuldade em se relacionar com os colegas, Benê realiza atividades comuns aos adolescentes, como frequentar a escola regular, praticar esporte e não desgrudar do celular, por exemplo. O público não verá a imagem estereotipada do autista isolado em um canto ou se balançando compulsivamente.
"Ela é diferente, não consegue se sociabilizar com as pessoas como as outras meninas. Ela ficava muito sozinha, ela é muito sincera", descreve a intérprete, que conversou com uma psicóloga para compor a personagem. "A Benê não tem uma malícia, não entende muito ironia das pessoas", completa.A sinceridade excessiva da personagem é uma das características dos indivíduos com o transtorno, que muitas vezes apresentam dificuldades para entender piadas, ironias e metáforas.
"Filtrar informações e contar pequenas mentiras faz parte de um sofisticado esquema de navegação social que possuímos e que é pré-instalado. É isso que normalmente falta às pessoas com autismo", aponta Lacerda.Na sinopse da trama, existe uma indicação de que ela descobrirá que tem Síndrome de Asperger, que era considerado um subtipo do transtorno, mas essa nomenclatura foi substituída e não é mais utilizada na vida real.
"Há alguns anos atrás, quando o sujeito não tinha atraso na fala e inteligência média ou superior era considerado com Síndrome de Asperger. No entanto, em 2013, os diversos tipos de autismo passaram a ser um diagnóstico único de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA)", explica Lacerda. "Muitas pessoas ainda usam a expressão, por falta de conhecimento ou para suavizar o diagnóstico e associar àquela porção do autismo com maior nível de inteligência", completa o especialista.Apesar da defasagem no diagnóstico da personagem, o pesquisador acredita que a exposição do tema pode ser benéfica.
"Pode oferecer uma grande contribuição à forma com que a pessoa com autismo é vista. No entanto, há de se ter muito cuidado, pois a chance de estereotipar essas pessoas também é enorme", opina.Fonte: Noticias da TV Daniel Castro
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