Psicoterapeuta alerta para os perigos do álcool na adolescência:


A vida de Lia (Alice Wegmann) não anda nada fácil. Depois de beijar Dinho(Guilherme Prates) na peça da escola, a roqueira perdeu a amizade de Ju (Agatha Moreira). Além disso, Raquel (Patrícia Vilela), a mãe dela, resolveu voltar para casa depois de cinco anos viajando pelo mundo, o que não agradou em nada à menina. Barra pesada, hein? Só que Lia decidiu enfrentar toda essa situação de uma forma nada legal: a garota tomou um porre e passo muito mal. Aí o alerta vermelho soou: consumo de álcool na adolescência é muito perigoso!
“Juventude é alegria, desenvolvimento sexual, decepções e medos. Enfim, descoberta de uma vida. Sempre foi vendido como um antídoto para dores e sempre consumido como sinônimo de alegria líquida. O que não é dito é que consumir o álcool em excesso, mesmo na juventude, torna o um indivíduo frio, vazio emocionalmente, porque suas experiências de vida foram artificialmente produzidas pelo álcool, aniquilando a espontaneidade”, alerta Alexandre Araújo, psicoterapeuta especializado em Dependência Química.
Confira uma entrevista com o profissional, representante dos Alcoólicos Anômimos e da ONG Intervir, e entenda os perigos do álcool na adolescência:

Por que um jovem começa a beber?
Alexandre Araújo: 
A juventude é um processo de transformações físicas e psíquicas, que repercutirá no meio social em que o jovem frequenta. Nesta fase, o adolescente vai deixando de ser criança e mudanças ocorrem no sistema nervoso central (cérebro), e são de fundamental importância para que o indivíduo jovem amadureça e aprenda a lidar com as adversidades da vida.
O álcool é uma substância psicoativa, que altera o funcionamento cerebral, substância esta fartamente disponibilizada no Brasil e de fácil acesso ao jovem, apesar das leis que coíbem o uso e venda para menores de 18 anos.
O problema começa na experimentação, onde o jovem começa a fazer “uso” se beneficiando apenas de seus efeitos desinibidores e relaxantes e, ao mesmo tempo, se sente inserido socialmente, pois, “toda galera” bebe.
Deste uso inofensivo aparentemente, surge uma novidade: a necessidade de usar frequentemente em todas as atividades sociais, festas populares, baladas, reuniões familiares etc. O álcool então começa a fazer parte da vida do indivíduo da mesma maneira em que o leite faz parte do café, uma mistura homogênea, está aí a dependência instalada. O difícil, ou melhor, o impossível é saber de quando deixou de ser uso e passou a dependência, não existem exames que possam indicar quando isto aconteceu.
Normalmente, a dependência do álcool leva anos para estabelecer-se. Mesmo assim, é possível o adolescente tornar-se dependente?
Alexandre Araújo:
 Estudos recentes mostram que o cérebro aprende a ser alcóolatra, ou seja, o jovem que faz uso do álcool na fase de desenvolvimento cerebral (infância e adolescência) tem uma probabilidade desenvolver dependência alcóolica, devido a substância atuar no sistema de aprendizado do cérebro (sistema de recompensa cerebral). Portanto, da mesma maneira que o jovem vai se lembrar de situações prazerosas como namoro passeios e baladas, irá lembrar também de fazer o uso do álcool. Importante saber que esta lembrança não é voluntária e sim mecânica, ela aparece da mesma forma que você tem vontade de comer na hora das refeições. Não esqueça: dependência é você fazer algo mesmo não querendo.
Quais são os principais sinais de que o adolescente está se tornando dependente?
Alexandre Araújo:
 A doença do alcoolismo, ao contrário de outras doenças graves, tem um inicio benigno. O sujeito sente prazer ao fazer uso o que facilita querer repetir a ação. Pelo fato do alcoolismo ser uma doença crônica, ou seja, para a vida toda, ela leva um período para se instalar. É nesta fase que o individuo nega o problema, acreditando que tem o controle, que para quando quer ou só usa de vez em quando. Em adultos, é mais fácil mostrar os prejuízos, pois muitos perdem o que construíram na vida: carreira profissional, educação dos filhos, economias são fortemente afetadas por um beber descontrolado. Estes mesmos não são possíveis de ser apontados para o adolescente pois esta em fase de construção de sua vida. O que fazer então? Voce deve sempre estar mostrando para seus amigo que sua forma de beber não é normal, apontar situações perigosas ou vexatórias causadas pelo uso de álcool e denunciar aos seus pais que são os responsáveis em educá-lo. Não esqueça! Não dá para ser amigo(a) só nas horas boas. Com certeza, ele ou ela poderá ficar chateado por você ter falado com seus pais. Mas, ele ou ela também perceberá sua honestidade e preocupação e isto só fortalecerá os laços afetivos da amizade.
Existem fatores de risco para o alcoolismo na adolescência?
Alexandre Araújo:
 Voce não vê um professor ensinando formulas químicas a uma criança de 5 anos pelo fato de seu cérebro não estar desenvolvido o suficiente para receber determinadas informações. Na adolescência, a memória está se desenvolvendo junto ao raciocínio lógico. É nesta fase de desenvolvimento que o jovem começa a aprender, a se planejar, pensar em sua carreira profissional, aprender os limites sociais e ter noção de futuro. O uso de álcool nesta fase compromete severamente o desenvolvimento físico e psíquico do jovem, que quando chegar a fase adulta irá perceber o quanto comprometeu sua vida já que as consequências do uso na juventude irão se manifestar na fase adulta.

Ao que você atribui a tendência ao alcoolismo ter se tornado mais acentuada na adolescência?
Alexandre Araújo
: A cultura do álcool no Brasil é forte. As famílias orientam seus filhos a não beberem. Ao mesmo tempo, promovem festas onde o uso de álcool é parte fundamental. É um tal de “faça o que eu falo mas não faça o que eu faço”. Sabemos que é na família que se fortalece o indivíduo, então, a orientação familiar é fundamental para preparar o jovem. O que vemos é que os jovens, a cada dia, estão mais distantes de seus pais. Associando ao baixo preço, disponibilidade e ao prazer inicial que o álcool causa, temos uma percepção de como está fácil beber em nosso país.
Como o adolescente pode encontrar o seu limite?
Alexandre Araújo:
 O limite é não beber. O jovem não precisa disso. Alcoolismo é uma roleta russa, qualquer um pode desenvolver. Jovens que sabem o que querem e para onde ir não tem necessidade de beber. Estudos mostram que a maioria dos alcóolatras adultos são oriundos de famílias que não souberam conduzir uma educação saudável no que diz respeito a fortalecer valores éticos, morais e sociais no jovem e que este espaço foi preenchido pelo álcool.
O que ele deve fazer para procurar ajuda?
Alexandre Araújo:
 Os Alcóolicos Anônimos são especialistas no assunto, há mais de 70 anos reúnem informações precisas sobre alcoolismo e oferecem tratamento e orientação gratuita em todo Brasil. É possível entrar em contato pelo site ou procurar o grupo mais próximo.

1 Response to "Psicoterapeuta alerta para os perigos do álcool na adolescência:"


  1. A adolescência é uma fase muito complicada por isso monitoro tudo o que meu filho faz através do uso de um programa espião! recomendo https://www.syncsoft.com.br/ ele é muito bom.

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